Antes de Lady Gaga, houve Rod Stewart na Praia de Copacabana; crítico achou o show 'meia bomba'

2025-04-27 IDOPRESS

Rod Stewart canta em Copacabana na virada de 1994 para 1995: público estimado em 3,5 milhões de pessoas (mas era réveillon) — Foto: William de Moura

RESUMO

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GERADO EM: 25/04/2025 - 22:21

Show histórico de Rod Stewart na virada de 1994 em Copacabana reúne 3,5 milhões de pessoas

Em 1994,Rod Stewart realizou um histórico show de réveillon na Praia de Copacabana,reunindo 3,5 milhões de pessoas,um recorde registrado no Guinness. O evento,marcado por desafios técnicos e uma indisposição do cantor,foi considerado "meia bomba" por críticos. O show contou com a abertura da banda Blitz e marcou um momento de transição para o Brasil,que celebrava a conquista do tetra no futebol e a eleição de Fernando Henrique Cardoso.

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Todo mundo sabe que é recomendável evitar alimentos pesados —uma feijoada,por exemplo — antes de praticar atividades físicas,como correr,nadar ou fazer um show na praia em pleno verão. Desavisado,Rod Stewart encarou,dizem,um feijão nada amigo e teve uma indisposição que atrapalhou,mas não tirou o brilho da sua apresentação na praia de Copacabana,no réveillon de 1994. Primeiro grande evento do tipo no local,a festa — que teve a abertura da banda Blitz,aquela de “Você não soube me amar” — reuniu cerca de 3,5 milhões de pessoas na Avenida Atlântica,segundo os cálculos da Polícia Militar e da Defesa Civil,um recorde que entrou para o Guinness como,até então,o maior show gratuito da História.

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“Nunca trabalhei e fiquei sem beber no réveillon. Então,tenho certeza que vou levar esse momento para o resto da minha vida”,disse ele,em entrevista coletiva,na véspera,uma sexta-feira.

Não foi a primeira vez que o superstar escocês,que começou a vida como coveiro,e a banda carioca se encontraram num palco. Stewart fez duas grandes apresentações na primeira edição do chuvoso Rock in Rio,em 13 e 20 de janeiro de 1985. A primeira noite teve a Blitz como banda de abertura,ao lado dos Paralamas do Sucesso e Lulu Santos.

— Éramos quase amigos — brinca o vocalista da Blitz e ator Evandro Mesquita.

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Não apenas a cidade,mas o país vivia,de fato,um momento de virada. Após conquistar o esperado tetra campeonato mundial de futebol,em julho,nos Estados Unidos,o Brasil — livre das sombras da ditadura militar — se preparava para receber um novo presidente eleito democraticamente,Fernando Henrique de Cardoso,sucessor de Itamar Franco.

“Um novo presidente e um inigualável tetra campeonato de futebol. Acompanhei de perto as partidas e fiquei impressionado com a habilidade dos jogadores brasileiros,liderados por Romário e Bebeto. 1994 foi um ano de grandes mudanças para o Brasil”,escreveu Stewart em mensagem aos fãs brasileiros antes de embarcar para o país,vindo de Los Angeles,onde morava.

Multidão assiste a show de Rod Stewart na Praia de Copacabana no réveillon de 1994 — Foto: Leo Aversa

'Inspiração' em Jorge Benjor

O cantor e o Brasil vinham de uma relação antiga,desde 1978,quando Stewart,de passagem pelo carnaval do Rio,“inspirou-se” em “Taj Mahal”,de Jorge Benjor,para criar um dos seus maiores sucessos,o groove disco “Da ya think I’m sexy?”.

“Não foi por mal. Aquela música ficou na minha cabeça”,desculpou-se na coletiva,na qual alfinetou os Rolling Stones,que tocariam no mesmo local,alguns anos depois. “Eles são a melhor banda do mundo,mas eu canto mais do que Mick Jagger.”

O peso do evento podia ser medido pela Prefeitura do Rio,comandada por César Maia,que preparou cem toneladas de fogos de artifício para serem queimados em 12 pontos ao longo da Atlântica,incluindo as “cascatas” do Hotel Méridien,do Forte de Copacabana e do Forte do Leme. O Conjunto Época de Ouro e Paulinho da Viola foram algumas das atrações da véspera,num palco armado no Leme.

“É um momento de olhar para o futuro com esperança”,disse o sambista.

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As famigeradas áreas vips já marcavam presença — e geravam polêmicas. Informado pelo GLOBO de que um camarote — com sete metros de altura e 15 de largura,com capacidade para cem pessoas —,erguido por um dos patrocinadores do evento na areia,ia atrapalhar a visão do público,Maia mandou remover a estrutura na véspera. Na areia,banhistas reclamavam dos preços inflacionados pelos barraqueiros e ambulantes. “Não se compra quase nada por menos de R$ 1”,dizia uma pessoa entrevistada pelo jornal. Em valores atuais,R$ 1 equivaleria a R$ 8.

Em frente ao Copacabana Palace,chamava a atenção o palco de 24 metros de altura,montado pela prefeitura,em parceria com a Riotur,que reproduzia a fachada do Theatro Municipal. A ideia inicial,felizmente descartada,era criar um palco no formato de um oásis. Pela cidade,circulavam estrelas como o estilista francês Jean-Paul Gaultier e o ator sueco Dolph Lundgren,conhecido como o ameaçador “Ivan Drago” no filme “Rocky IV”. Nos cinemas,os lançamentos eram “Junior”,com Arnold Schwarzenegger e Emma Thompson,e “Entrevista com o vampiro”,com Brad Pitt e Tom Cruise. A entrada custava R$ 5.

Rod Stewart no Rio de Janeiro

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Rod Stewart canta em Copacabana na virada de 1994 para 1995: público estimado em 3,5 milhões de pessoas (mas era réveillon) — Foto: William de Moura

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Rod Stewart conheceu o Rio no carnaval de 1978. Ciceroneado pelo executivo musical André Midani (à esq.),em suas memórias ele conta que encontrou Elton John,Freddie Mercury,muita cocaína e “Taj Mahal”,sucesso de Jorge Ben Jor que acabou plagiando meses mais tarde com a dançante “Da ya think I’m sexy?” — Foto: Alcyr Cavalcanti

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Rod Stewart voltou ao Rio para o primeiro Rock in Rio: se apresentou duas vezes,nos dias 13 (foto) e 16 de janeiro — Foto: Arquivo

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A passagem de Rod Stewart pelo Rio em 1989 ficou marcada por uma série de fotos à beira da piscina do Hotel Sheraton,em São Conrado,onde se bronzeou acompanhado da amiga americana F. Archel McLaren — Foto: Marcelo Régua

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O show de Rod Stewart no Rio,em 1995,teve milhões de pessoas na praia de Copacabana e alguns sortudos que subiram ao palco para cantar junto com o escocês e seus backing vocals — Foto: William de Moura

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No show de 2008,que Rod Stewart realizou na então HSBC Arena,atual Farmasi Arena,destacou-se a presença de palco da saxofonista Katja Rieckermann — Foto: André Coelho

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No Rock in Rio de 2015,Rod cumpriu o ritual de quase todo gringo que se apresenta por aqui: posou com uma bandeira (no caso,uma canga) do Brasil — Foto: Márcio Alves

Escocês,que fez o show de maior público na Praia de Copacabana até hoje,esteve no Brasil em outras ocasiões

Show de abertura da Blitz

A previsão para o dia do show — que esteve ameaçado por causa de uma ação movida pelo Ecad contra a patrocinadora do evento — era de tempo aberto,sem chuvas,só de papel. O mar tinha ondas pequenas,ruins para o surfe,mas as condições eram boas para o voo livre e os praticantes que se jogavam de asa-delta da Pedra Bonita,em São Conrado.

Antes de os shows começarem,uma babalorixá oferecia seus serviços numa barraquinha improvisada ao lado do palco. No camarim,garrafas de água mineral Evian,vinho tinto em temperatura ambiente e cem toalhas brancas esperavam Stewart,então com 49 anos e 25 de carreira,cujo mais recente álbum tinha sido “Vagabond heart”,de 1991.

O show de abertura da Blitz não aconteceu sem sustos. Vinte minutos depois do início do show,às 21h30m,o ator Mauro Cesar Marquez,que fazia acrobacias durante a apresentação,despencou de uma corda a 15 metros de altura,quase atingindo a cantora Marcia Bulcão. Ele fraturou o braço direito e quebrou seis costelas.

— Foi na música “A verdadeira história de Adão e Eva” — lembra Mesquita. — A gente sempre teve esses elementos teatrais,e o Mauro era um dos atores que faziam essas intervenções. Foi um lance muito tenso,que quebrou o clima do show porque ele foi levado para o Miguel Couto e a gente ficou sem notícias. Mas é aquela coisa,o show tinha que continuar. Depois,ele me disse que teve uma câimbra. Ficamos um ano pagando um cachê simbólico a ele até que se recuperasse.

Meia hora depois da meia-noite,Rod Stewart subiu ao palco. De calça preta,colete e blusa branca,ele abriu o show embalado pelos riffs de guitarra de “Hot legs”. Na banda,o destaque era o tecladista Ian McLagan,ex-companheiro do Faces,cultuado grupo dos anos 1970. Apesar do desfile de hits dançantes,como “Baby Jane” e “Passion”,e baladas,como “You’re in my heart” e “Sailing”,a apresentação sofreu com problemas técnicos,além da suposta indigestão do astro. Sem contagiar o público,mesmo com a participação da bateria da Mangueira (“Está muito devagar,preferia um balanço brasileiro”,reclamou a médica Ivone Fernandes à repórter Mànya Millen),o show acabou sendo classificado como “meia bomba” pelo crítico do GLOBO — no caso,eu jovem.

No dia seguinte,Stewart — que,segundo relatos,saiu do palco direto para um balão de oxigênio — passou a manhã descansando na piscina. À tarde,acompanhado pela esposa,a modelo neozelandesa Rachel Hunter,com quem tinha se casado em 1990,ele sobrevoou a cidade de dirigível. Depois,o casal foi à Feira Hippie,em Ipanema,onde comprou um apito de barro,bijuterias e um conjunto de Branca de Neve e Os Sete Anões feito de massa e bolas de gude. À noite,Stewart,Rachel e os demais integrantes da equipe voltaram para Los Angeles. O casal ficou junto até 1999.

Outros shows internacionais que marcaram Copacabana

Lenny Kravitz,em 2005. Durante as celebrações dos 440 anos da cidade do Rio,em 21 de março daquele ano o hitmaker americano trouxe seu lado mais roqueiro para a praia de Copacabana. O público foi à loucura com clássicos como “It ain’t over ‘til it’s over”,“Always on the run” e “Are you gonna go my way”. A apresentação teve estimativa de público entre 300 mil e 600 mil pessoas (todas as estimativas deste quadro são da Riotur).

Lenny Kravitz em Copacabana,em 2006 — Foto: Leo Aversa

Rolling Stones,em 2006. A banda de Mick Jagger apresentou seus clássicos,de “Start me up” a “Satisfaction” e reuniu cerca de 1,5 milhão de pessoas entre cariocas e muitos turistas. O palco montado na areia tinha uma passarela que o ligava ao Copacabana Palace,onde a banda e sua equipe estava hospedada. Maior show da história do grupo britânico,a apresentação foi transmitida para diversos países e rendeu um CD e um DVD.

Show dos Rolling Stones nas areias da Praia de Copacabana. — Foto: Ivo Gonzalez

Black Eyed Peas,virada de 2006 para 2007. No auge da popularidade,o grupo americano fez a festa de Réveillon nas areias de Copa com sua formação clássica — Apl.de.Ap,will.i.am,Taboo acompanhados da carismática cantora Fergie,que depois partiu em carreira solo. Além de sucessos como “Let’s get started”,“Don’t lie”,“Shut up” e levantou o público com sua versão para “Mais que nada”,do brasileiro Sérgio Mendes.

Stevie Wonder,2012. Um dos músicos mais importantes do século XX,o pianista e cantor realizou show especial,na noite de Natal,que contou com a abertura do não menos importante Gilberto Gil. Cerca de 450 mil pessoas estiveram presentes. Muito à vontade,o americano fez da praia a sala de sua casa e,na companhia da família (acima),tocou uma seleção de clássicos que colocou o público para dançar e cantar junto.

Madonna,2024. A Rainha do Pop fez história com sua versão carioca da Celebration Tour,apresentação que revisitou seus 40 anos de carreira. O show histórico reuniu cerca de 1,6 milhão de fãs — do Rio,do Brasil e do mundo inteiro. No repertório,hinos como “Like a prayer”,“Live to tell” e “Holiday” foram a trilha para uma festa em cima do palco e nos arredores.

Show da cantora Madonna na Praia de Copacabana — Foto: Alexandre Cassiano

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