Adoção, 'parto' e passeio no parque: bonecos 'reborn' viram tendência

2025-04-27 IDOPRESS

Sucesso nas redes. Elaine Alves,a Nane Reborns,participou de encontro de mães reborn no Ibirapuera: ao lado,parte de sua coleção,avaliada emcerca de R$ 28 mil — Foto: Agencia O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 26/04/2025 - 17:55

Bonecos Reborn: O Mercado de Réplicas de Bebês Conquista Famosos e Influencers

Os bonecos reborn,réplicas hiper-realistas de bebês,estão em alta,movimentando um mercado que atrai adultos e crianças. Lojas temáticas simulam maternidades,e influencers como Elaine Alves compartilham o hobby em redes sociais. Famosos também aderem à tendência,como o padre Fábio de Melo,que adotou uma boneca com síndrome de Down. O mercado se expande com modelos personalizados,alguns custando até R$ 12 mil.

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Viral nas redes sociais,o universo dos bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos e crianças — movimenta um mercado que vai além do convencional. A tendência tem impulsionado lojas temáticas que simulam maternidades,com direito a encenação de partos,incubadoras e “cegonhas” uniformizadas,num fenômeno que atrai tanto crianças quanto adultos colecionadores,dispostos a pagarem até R$ 12 mil por um exemplar.

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O assunto repercutiu após o padre Fábio de Melo anunciar a “adoção” de um reborn com síndrome de Down durante uma viagem a Orlando,nos Estados Unidos. Em suas redes sociais,o religioso mostrou a boneca,que veio acompanhada de uma certidão de nascimento e passaporte. Na ocasião,ele também revelou aos seguidores que decidiu chamá-la de Ana Maria,em homenagem à sua mãe,que morreu em 2021,em meio à pandemia de Covid-19. Vistas por alguns como itens de colecionador,as bonecas também viraram opção de presentes — filhas de celebridades como Sabrina Sato,Fabiana Justus e Maíra Cardi já ganharam o seu.

Nas redes,a tendência é puxada por influenciadoras como Elaine Alves,de 37 anos,conhecida como Nane Reborns. Hoje com mais de 222,8 mil seguidores no TikTok,ela chamou a atenção ao participar,na semana passada,de um encontro de “mamães reborn” no Parque Ibirapuera,em São Paulo. Apaixonada por bonecas,Elaine conta que conseguiu transformar o hobby em profissão ao exibir os 14 bebês de sua coleção,avaliada em cerca de R$ 28 mil,em vídeos no estilo roleplay — que são encenações da rotina de cuidados que incluem trocas de fralda,mudanças de roupa e passeios no shopping. Em sua casa,em São Bernardo do Campo,a influencer conta que separou um quarto,usado como cenário,decorado com berço,armário com roupinhas de bebê e trocador.

— Gravo conteúdo e saio com elas na rua para divulgar o trabalho das artistas,porque consegui firmar parcerias para vender e receber as bonecas. Às vezes,a semelhança com um bebê de verdade é tão grande que as pessoas param para perguntar porque têm curiosidade. Mas também existem aquelas que me olham torto — explica.

Por trás das coleções,no entanto,existem negócios em expansão. A loja Minha Infância,por exemplo,que simula uma maternidade em Belo Horizonte,tem faturamento mensal entre R$ 30 mil e R$ 35 mil. Por lá,Karen Falcão e sua mãe,Cleide Martins,vendem bonecas cujo preço varia de acordo com o material utilizado; quanto mais real,mais caro. Os modelos de vinil são os mais acessíveis (cerca de R$ 600); já os intermediários,confeccionados com cabeça,braços e pernas de silicone e corpo de tecido,custam em torno de R$ 1,2 mil); e os mais caros (até R$ 4,5 mil) são feitos inteiramente por silicone sólido,imitando as dobras e a textura do corpo de um recém-nascido de maneira mais realista. A confecção fica a cargo de Cleide,que esculpe e pinta as peças à mão.

Karen Falcão e sua mãe,em maternidade Minha Infancia,em Belo Horizonte — Foto: Agência O Globo

Mamadeira e número 2

Alguns modelos são adaptados para que possam tomar mamadeira,fazer xixi e cocô. Embora o público original dos reborn seja composto apenas por colecionadores adultos,Karen conta que as novas versões alcançam também crianças:

— A demanda aumentou bastante quando fomos descobertas pelas crianças,que têm chegado pelas nossas redes sociais. Então tivemos que criar linhas mais resistentes e com custos mais baixos para esse público.

Já em Campinas (SP),a loja Alana Babys leva o conceito de maternidade ainda mais longe. No espaço,funcionárias vestidas com jalecos de médicos e pijamas cirúrgicos simulam o “parto empelicado” das bonecas,envolvidas em uma cápsula com água que imita a placenta e conectadas por uma corda semelhante ao cordão umbilical. A cena,também reproduzida por outros perfis que produzem conteúdo reborn,acumulou milhões de views online na semana passada e levantou críticas de internautas. Para Alana Nascimento,“cegonha” há mais de 20 anos e dona da loja,o momento faz parte de um “ritual lúdico” seguido por ela e suas funcionárias que agrada os clientes.

— A gente proporciona o prazer que envolve comprar boneca,medir,pesar,trocar,dar banho,como se fosse realmente um neném que acabou de nascer e vai ser levado para casa. É um processo bem lúdico que tem funcionado para a gente — conta a profissional.

Personalizáveis,as bonecas reborn são pintadas artesanalmente,e pelos e cabelos — que podem ser naturais,feitos com lã de cabras (mohair) ou sintéticos — são aplicados de forma manual. Os olhos são de vidro soprado,acrílico ou plástico. A customização impacta nos preços,explica a “cegonha” Vanessa Couto,dona da Maternidade Tereza Therezinha,no Rio de Janeiro. Na loja,os modelos considerados mais simples custam cerca de R$ 2 mil,enquanto os de silicone sólido e que contam com funcionalidades chegam a R$ 12 mil. Há também versões como bebês prematuros de R$ 6 mil ou modelos com enxoval completo por até R$ 10 mil. Valores ainda maiores podem ser negociados em leilões feitos em plataformas como e-Bay,mais comuns nos Estados Unidos,onde Vanessa conta ter presenciado a venda de uma boneca por até 80 mil dólares.

— É uma arte atemporal e que nunca sai de moda porque é totalmente artesanal,desde as esculturas até as técnicas de pintura feitas à mão. Podem levar semanas ou meses para serem feitas — comenta Vanessa.

Boneca produzida por a artista reborn especializada em bebês de pele negra — Foto: Agência O Globo

A personalização também passa pela cor da pele,explica a artista reborn Cláudia Caroliny,especializada na confecção de bonecas negras. A motivação foi a pouca diversidade no mercado,percebida quando era criança.

— Acabei olhando para a minha infância e lembrei que,quando brincava de casinha,eu tinha que ser “mãe” de bebês loiras de olho claro,que nunca se pareciam comigo. Eu achava que essa dor era só minha,mas percebi que o mercado,ainda hoje é formado por quase 90% de bonecas brancas,então decidi me especializar e vender essas versões por encomenda — relata Cláudia,moradora da Zona Leste de São Paulo e que divide sua rotina entre o trabalho de corretora de seguros e a produção dos bebês.

Guardados como itens de coleção,os reborns também dão despesas para seus donos,que compram roupas,sapatos,mamadeira e chupetas. O vendedor de Campinas (SP) Cléber Alves diz ter gastado mais de R$ 1 mil com acessórios. Hoje sob o apelido de Papai Reborn nas redes,ele produz fotos e vídeos sobre o assunto e diz já ter acesso aos seus “recebidos”. Junto com os mimos,vem as críticas,relata ele.

— As pessoas que estão de fora pensam que nós somos doidos,fracos da cabeça e chegam a sugerir que a gente se interne,mas a arte reborn foi feita para adultos,e não para crianças,porque a gente dá carinho e cuida.

Cléber Alves,colecionador de bonecas há 17 anos,produz conteúdo para as redes — Foto: Agência O Globo

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